terça-feira, 7 de setembro de 2010

Nossa Senhora da Bicicletinha, daí-me equilíbrio.

Finalmente, bebida.
Estava cansado de passar Sexta e Sábado sem beber e me divertir com pessoas da minha idade.
Finalmente meu amigo me levou pra sair. Não foi nada comparado a uma reunião informal no "puxadinho", muito menos comparado aos "estudos de Sexta-Feira a noite" no jardim e muito menos comparado a um encontro na casa do Saer enquanto seus pais estão viajando. Porém, foi legal. Foi diferente. BEEEEEM diferente.
A começar que foi em uma outra cidade. Outra diferença foi eu ter que dar satisfação para os meus pais de onde eu ia e que horas eu voltava. Só que o mais diferente de tudo, foi ter que ir até ao vilarejo ao lado de BIKE e pegar o TREM até Hannover.
Na ida foi tudo bem. Fui até a casa do meu amigo e começamos fazendo um esquenta.
Para esquentar, bebi um tal de "Feigling" (significa Covarde), mas é muito corajoso quem beber, já que é uma dose significativa e tem um alto teor alcoólico.Se bebe assim: vira essa mini-garrafa de cabeça pra baixo e começa todo mundo a sua "boca" na mesa (sua boca = boca da garrafinha. ninguém quebra os dentes bebendo isso, ok?!). Todos batem a boca da garrafinha suavemente sobre a mesa, até que fique "alinhado" o barulho. Quando todos estiverem sincronizados, significa que é hora de virar. Pronto. Foi um. Foi dois. Foi três. Já estava chamando Jesus de Genésio.
Depois disso, pegamos nossas bikes e fomos até a estação de trem, que é perto da minha escola, isso significa 3 km bebido.
Chegamos em Hannover e encontramos com alguns amigos do meu amigo. Fomos num bar e... cerveja e tequila.
Enquanto bebiamos, logicamente, o tempo passava. Quando olhei no relógio, com muito esforço, consegui visualizar que já está próximo da meia-noite e meu trem de volta pra casa partia onze minutos passados da meia-noite. Nisso eu tive que virar, com muito sacrifício, minha terceira dose de tequila.
Nisso tudo rodava. As pessoas ficavam mais bonitas. As alemães mais peitudas, menos bigode, mais bronzeadas... E o mais incrível era que todo mundo parecia dar em cima de mim. Pena que era uma noite que eu estava difícil.
Eu não queria ir embora, mas tinha que partir.
Com uma vontade de mijar, eu acabei querendo ir embora logo, assim eu podia utilizar o toalete do trem. Afinal, que toalete. muita tecnologia. Você aperta um botão, a porta abre automático. Nisso, eu morrendo de vontade de mijar e aquela porta "desfilando" pra abrir. Ia numa lentidão que parecia que estava à beira mar, ouvindo "Garota de Ipanema" enquanto caminhava pela praia arrastando sua canga.
Mijei. Que alivio. Nunca me senti tão bem. O único problema foi que enquanto eu subia meu zíper, o trem começou a funcionar. Imagine minha situação de bebido, sem apoio fechando o zíper. Minha cabeça, pequena cabeça e bem leve, por sinal, quase me levou pro chão.
Graças a toda minha "molemolencia" eu consegui ficar em pé e caminhar até meu assento enquanto voltava pra casa.
Cheguei em Mellendorf, onde eu estudo e deixei meu "veículo" estacionado. Outro problema diante dos meus olhos... Nesse estado, como identificar os números da minha corrente que trancava a bicicleta? Eu mal acho esses números de "madrugada" quando eu vou pra escola, imagina Sábado a noite e nessas condições.
Com muito sacrifício eu consegui. Então liguei minha lanterna e fui pedalando com meu amigo até em casa.
Esse caminho que faço todas as manhãs nunca me pareceu tão longe e tão cheio de curvas e rampas e buracos.
Durante essa prova de "3 km com obstáculo", eu só pedia ajuda a Nossa Senhora da Bicicletinha, aquela que nos dá equilíbrio nos momentos cruciais.
Depois de três longos quilômetros, cheguei em casa e graças a preguiça, nenhum estava acordado. Ainda bem. Não seria legal conversar com eles e com aquele hálito refrescante de cachaça.
Nada mais aconteceu, mas me senti com uma realização interior imensa.
Sorriso de orelha a orelha.
Estava precisando disso.

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